Banda Lyra de Santo Antônio - Por Irmão Turuka, 1969.

 
Honório Bona Neto nasceu em Campo Maior no ano de 1878 e faleceu em 1972, filho do casal Antônio José Nunes Bona Primo e Lina de Jesus de Menezes Fortes. Foi casado com Sinhazinha Figueiredo. Comerciante, músico e compositor. Autodidata. Vocação inata para a música. Tocava muito bem a flauta, manejava com perfeição o violão. acordeão, saxofone e clarineta. Deixou para a posteridade as mais belas valsas. Fez as seguintes composições: "Coração Magoado". "Última Filha", "Vicentina de Paula", "Impressão do Mar". "Uma Viagem Sobre as Ondas" e tantas outras partituras que marcaram época no Piauí. Em Campo Maior. criou a famosa Banda de Música "Lyra de Santo Antônio" e a "Escola Cantorum". Ambas a serviço da Igreja e da municipalidade na animação dos principais eventos políticos e religiosos da cidade.

Antônio Bona Neto, foi um comerciante e proprietário do tradicional Bar Santo Antônio, localizado na Praça Rui Barbosa, desde 10 de abril de 1938. O Bar Santo Antônio era o mais antigo de Campo Maior e, desde 1938, foi frequentado pela principais lideranças políticas da cidade. Antônio Músico foi delegado do município, e fervoroso devoto de Santo Antônio e, durante muitos anos, patrocinou e manteve a tradicional Banda de Música "Lyra de Santo Antônio", já extinta. Nasceu em Campo Maior em 24 de fevereiro de 1915. Filho do compositor instrumentista Honório Bona Neto. Antônio Músico faleceu em 22 de abril de 2006 em Campo Maior, aos 91 anos.
 
 

Banda Lyra de Santo Antônio


Festa de junho. Mais uma vez a trezena de Santo Antônio é animada pela velha e querida banda de música. Apenas treze figuras, num esforço inaudito procurando superar deficiências, enfrentando as desajudas e a ausência saudosa de antigos companheiros que por motivos vários não responderam "presente" à convocação do Glorioso Padroeiro. Anotamos sentimentalmente os nomes de Miguel Rosa, Siné, Zeca Correia, José Oscar Nico, Pedro Ferreira Lima, Benedito Proquet, Gentil José da Silva, Vicente Cabecinha, isso para não falar em todos os artistas musicais de nossa terra.

A pobreza material dos 13 artistas não os envergonha, nem os intimida. Eles sabem que o desapreço dos que trabalham e desajudam a Lyra não pode empanar o brilho, o talento de suas execuções tipicamente campomaiorenses. 

Composição da Banda em junho de 1969:

1° Clarinete Sgto. Gonçalo Marques Ferreira; 1° Saxofone - Compositor Luís Correia; 1° Piston Sgto. João Sérgio Pereira da Silva; Bombardino Antônio Moreira (Catita), 72 anos; 1° Baixo Sgto. Jonas Pereira da Silva; 2° Baixo Francisco Pereira de Sousa (Chico Mocó); 1° Trompa José Ferreira dos Santos (Zuza-Pedro-Paulo); 2° Trompa Luis Neves da Silva (Piroca); 1° Trombone Antônio Inácio de Loiola (Zumba); Prateleiro Marcos de Oliveira (Boi Laranja); Tarolista Raimundo Nonato Lima (Currupião); Tambor Manoel Luís dos Santos (Cabeleira); Bombo Raimundo Cardoso de Oliveira (Vidão).
 

Um dos raros registros de integrantes da antiga Lyra de Santo Antônio, o primeiro à esquerda é Antônio Músico.

 


No coreto improvisado no centro da Praça Bona Primo, realçava aos nossos olhos o contentamento de Antônio Francisco Bona, dotado de maravilhoso ouvido musical, a reger com sua batuta o repertório antigo da retreta em que, como povo, ouvimos belos Dobrados, as bonitas Valsas do Major Honório, composições do maestro Godofredo, baiões alegres, marchinhas sapecas enchendo de otimismo os campomaiorenses aglomerados à frente da Matriz. 
Atrás do coreto, dezenas de banquinhas se enfileiravam para a venda do "bagulho", do gostoso cafezinho, bolos e frutas e o apreciado frito de tripa que a Iracema vende, mais parecendo tudo isso um complemento da orquestra. 
O mérito dessa alegria creditamos a Antônio Bona Neto, este Músico incorrigível e fanático que apesar das derrotas nunca pôde ser vencido nesta "batalha por uma Banda de música em Campo Maior", luta que ele ao nascer herdou de seu pai e irmãos.

De 100 anos para cá é a primeira fase de adormecimento das orquestras em nossa terra. Sempre tivemos duas, três; hoje temos esta, que se reúne uma vez por ano, pela fidelidade e reconhecimento próprio do Mons. Mateus e o estímulo e ajuda do deputado José Olímpio, que conseguiu três músicos de Teresina, da Banda da Polícia.

Temos dois Clubes dançantes que anualmente empregam verdadeiras fortunas na importação de música; Lions, Rotary, Centro Operário, Igrejas, associações de classes, estudantes e mocidade, Clubes Desportistas, enfim, mil possibilidades mais do que aqueles que no passado mantiveram de pé as nossas Bandas! Por que não se reúnem todos ao magnificente Prof. Raimundo Andrade, que "dança bem" graças à Lyra Santo Antônio que o ensinou - disso sou testemunha e, assim congregados, venham a fazer justiça e dar condições a esta - tradicional orquestra que há dezenas de anos nos vem servindo incondicionalmente, sem nada exigir?...

NOTA: Transcrevemos a propósito do assunto, o seguinte telegrama: "De Brasília-DF 7107-29-1-1815. Antônio Bona Neto Bar Santo Antônio Campo Maior: "Festejamos saudosos primeira noite Santo Antônio pt Pedro executou "Última Filha", "Vicentina de Paula", "Impressão do Mar" et "Saudade de Minha Terra" pt Hélio Bona, Pedro Ferreira Lima, Ismar do Vale".

FONTE: (Publicado no jornal "A Luta" em 08-06-1969). In: LIMA, Reginaldo Gonçalves de. Geração Campo Maior: anotações para uma enciclopédia. Gráfica e Editora Júnior LTDA, Teresina, 1995. p. 328-329.

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