Transcrição de Carta da Irmandade de Santo Antônio de Campo Maior à Rainha D. Maria I de Portugal, em 13 de junho de 1779.
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Antiga Matriz de Santo Antônio de Campo Maior (1712-1944) |
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Aos Reais pés de V. Mag. Fidelíssima, com esta, pelo modo possível, d’mais de mesa, chegam o juiz e mais confrades da Irmandade do glorioso Santo Antônio, Orago da freguesia da Villa de Campo Maior. Comarca da cidade de Oeiras do Bispado de São Luís do Maranhão. Em cuja Real presença com todo devido respeito. Falando, expõem os ditos irmãos da referida mesa, per si, e por todos os indivíduos da dita freguesia: que por decreto dos Senhores Reis nossos senhores progenitores de V. Mag. Fidelíssima, que a todos descanse Deus em paz, como piamente cremos. Se desmembraras da freguesia de Nossa Senhora da Vitória, da mesma comarca por extensoza (?), vários lugares para neles novamente se erigirem várias paroquias para além mais. Como mandam-se serem socorridos os seus habitantes do pasto espiritual entre os quais foi um o de Santo Antônio do Surubim, e hoje de Campo Maior, depois que no dito lugar se erigiu uma Vila, que assim se intitulou e posta em execução aquelas Reais Ordens acenta indivíduos da nova freguesia, se erigiu um templo, que por ser formado de frágil matéria, segundo a impossibilidade daqueles tempos, com o defeito de muito pequeno; de maneira que hoje pelo aumento do povo com decência não se podia nele se celebrarem os Ofícios divinos, causas porque nós resolvemos acrescentá-lo, e pô-lo em menor formalidade; para cujo efeito entramos no projeto de demolir o que existia para o dito fim, e posta em execução esta nossa determinação. Nos achamos impossibilitados para o pôr na total...(ilegível)
Perfeição, e por isto nos necessitou de recorrermos a (ilegível)
E Real piedade de V. Mag. Fidelíssima, para que com uma esmola e ajuda de decerto nos socorra, não só para se concluir o dito acréscimo senão também, para um todo para dentro da dita igreja para assim com mais decência e edificação dos fiéis, de se celebrarem os ofícios divinos, porque ajuizamos, que sem a Real proteção de V. Mag. Fidelíssima, és impossível finalizarmos a dita obra, pela suma pobreza dos indivíduos da mesma freguesia, porque sendo os seus bens puramente gados vacum e cavalares, e estes Senhora, a anos nesta parte tem havidos nelas grande decadência causada pelas extraordinárias secas que experimentamos que nos tem posto na última consternação; por cujos motivos e pelos muitos de Cristandade, piedade e zelo do Culto Divino, que V. Mag. Fidelíssima, com o Real cetro herdou dos Senhores Reis nossos senhores e seus progenitores de saudosas memórias. Esperamos com favor de Deus, se há de V. Mag. Fidelíssima inclinar a nossos rogos, por serem encaminhados e dirigidos a tão bom fim, que o glorioso Santo Antônio (?) general dos Reinos de V. Mag. Fidelíssima, diante de Deus Nosso Senhor. Em pedir e rogar pela vida e saúde de V. Mag. Fidelíssima e de toda Casa Real, e do aumento com paz e sossego de seu vastíssimo império. Será sempre propicia, e nós, os mais humildes vassalos de V. Mag. Fidelíssima, somos perpetuados na obrigação de rogar a mesma divina bondade assim o queira permitir Deus guarde a Real pessoa de V. Mag. Como muito desejamos e havemos mister.
Freguesia de Santo Antônio de Campo Maior. Em ato de mesa, aos 13 de Junho de 1779.
Presidente, Manuel Rodrigues Covette
O juiz, Joaquim José de Deus (?)
Descrevem:
Gonçalo Barbalho Côrte Real
O por. Antônio (?) M. Silveira
O rez. (?) Estanislâs Ruiz Xaves (?)
O irmão de meza, M (?) de Macêdo
O irmão de meza, Félix Rodrigues de Car (?)
O irmão de meza, M. Manuel V. (?)
O irmão de meza, Manoel Gomes Correa
O irmão de meza, (?)
O irmão de meza, Vicente (?) da Costa
O irmão de meza, Manoel Pinto de Carvalho
O irmão de meza, André Paz (?)
O irmão de meza, Antônio Costa Pinto
O irmão de meza, Francisco Barros (?)
O irmão de meza, Domingos (?)
O irmão de meza, Manuel (?)
Proc. gl. José Machado Freyre
[CARTA dos Irmãos e Confrades da Irmandade de Santo Antônio da Freguesia da Vila de Campo Maior, comarca de Oeiras no Piauí, Bispado de São luís do Maranhão, à Rainha (D. Maria I) solicitando esmola e ajuda de custo para as obras da Igreja de Santo Antônio do Surubim. 1779, junho, 13, Vila de Campo Maior. AHU-MARANHÃO, Cx. Nv. 872. AHU-ACL-CU-016.Cx.]
Contextualização:
Logo que foi pacificado o norte do Piauí (após sufocação da revolta indígena de Mandu Ladino) Capitão-mor Bernardo de Carvalho e Aguiar (1666-1730) deu continuidade à construção da Igreja de Santo Antônio deixando sem conclusão apenas a torre que já é do final do século XVIII, a construção da inicial capela se dá por volta de 1711/1712, a freguesia de 1715, e a Igreja consta ter sua conclusão somente em 1828.
Muito provavelmente o primeiro vigário de Santo Antônio do Surubim, foi o Padre Antônio Rodrigues da Silva, por ordem do Vigário da Mocha (Oeiras) Pe. Tomé de Carvalho e Silva.
Em 1765, Padre Manuel Rodrigues Covette assumiu a freguesia como encarregado, e definitivamente em 1767. Padre Manuel R. Covette era português e veio com a família do Maranhão em cujo seminário estudou com o irmão Pe. Antônio Luís Covette, depois pároco de Marvão. Ambos eram sobrinhos do Padre Lourenço Gonçalves, de quem receberam muita ajuda. Antes de ser pároco em Campo Maior, foi pároco em Aldeias Altas (Caxias-MA).
O Padre Manuel Rodrigues Covette deixou a administração da freguesia em 1794 por motivo de saúde, mas continuou ali até a morte em 29 de Outubro de 1798.
Em São Luís, junto à Cúria Diocesana, fez o termo de sujeição da Irmandade do Santíssimo Sacramento e conseguiu aprovação e confirmação de compromisso para a Irmandade de Santo Antônio. Assim, graças a seu zelo, Campo Maior tinha regulares suas Irmandades (Almas, Santíssimo Sacramento e Santo Antônio).
Ref.: MELO, Pe. Cláudio. Fé e Civilização. In: Obra Reunida. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2019. p. 547-550.
CARTA ORIGINAL DO ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO DE LISBOA: