Monsenhor Joaquim de Oliveira Lopes: nota fúnebre do jornal "A União" do Rio de Janeiro (1925).
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A UNIÃO, 1913 |
Mons. Joaquim de Oliveira Lopes*
—«o»—
Com profunda mágoa lemos esta infausta noticia: « TERESINA, — 20. - Faleceu, no município de Valença, Monsenhor Joaquim de Oliveira Lopes. Figura de alto destaque do clero piauhyense, o seu passamento foi muito sentido em todo o Estado. Monsenhor Oliveira Lopes sucumbiu vítima de uma colapso cardíaco. »
Mons. Lopes era um dos nossos melhores amigos e sua morte é uma grande perda para a religião e para a pátria. Caráter integérrimo, intrépido lutador pelo catolicismo e pelo Brasil, bateu-se como um leão contra os poderosos chefes políticos maçons do Piauhy, que foram obrigados a respeitá-lo, fazendo justiça a sinceridade e aos altos intuitos desse sacerdote de rara inteligência, de costumes impolutos e de piedade exemplar.
Quando se fundou aqui o Centro Católico para a direção política dos católicos brasileiros, já prevendo a alta conveniência dessa instituição, tinha Mons. Lopes organizado no Piauhy o partido católico, e com ele entrado em luta com os paredros da política pessoal que ali como em todo o país, tem desacreditado a república.
Filiando-se logo ao Centro da capital federal, foi Mons. Lopes o mais solícito e entusiasta dos seus delegados diocesanos. Bateu-se o seu partido em todas as eleições do Estado, conseguindo eleger deputado federal o chefe do mesmo partido, o nosso amigo Dr. Elias, que tão patrioticamente se houve na Câmara.
Mons., veio ao Rio assistir aos debates do Congresso e levar instruções do Centro para o partido. Daqui levou grande cópia de livros para a biblioteca e objetos para o culto. Malogrou-se infelizmente a organização do partido católico em outros Estados, e os nossos superiores também julgaram inoportuna essa deliberação do Centro, que se dissolveu.
E assim, com profundo pesar, retraiu-se Mons. Lopes. – Sunt lacrimae rerum!
Embora não querendo comprometer-se na sua ação política, os superiores de Mons. Lopes reconheciam e louvavam sua solicitude como sacerdote. Daí as distinções e altas comissões que lhe deram, sendo ele nomeado para regente do bispado, quando vacante. A formação do bispado do Piauhy muito contribuiu o nosso amigo.
Deixa-nos profunda saudade esse modelo do clero nacional, sacrificando-se com abnegação, sem medo e sem mácula; numa laboriosidade indefessa, pelos grandes ideais — Deus e a Pátria.
*A UNIÃO – propriedade do “Centro da Boa Imprensa”. Rio de Janeiro – 11 de outubro de 1925, ano XVI, nº 82, p. 3.