Nota Biográfica: Monsenhor Mateus Cortez Rufino (1915-1990)

Mons. Mateus Cortez Rufino nasceu em Ipiranga – PI, em 5 de julho de 1915 e faleceu em Teresina, em 22 de outubro de 1990. Filho de Joaquim Rufino da Silva e de Maria Cortez da Silva, o seu registro civil aconteceu na Comarca de Oeiras, quando lhe foi completado o nome da família. Em Oeiras também foi crismado, recebendo as cinzas sagradas e a unção do óleo santo, por celebração de Dom Octaviano de Albuquerque, 2º Bispo da Diocese do Piauí.

Desde muito jovem sentir-se atraído para a vocação sacerdotal. Em 1930, mudou-se para Teresina, capital do Piauí, para estudar no Seminário, por orientação do Padre José Gomes da Silva. Em Teresina permaneceu até 1934, período em que foi destaque por ser aplicado nos estudos e, particularmente, pelo interesse de se aprofundar em teologia como estudante aplicado na Bíblia Sagrada.

No ano de 1935, Mateus mudou-se para Fortaleza, capital do Ceará, para estudar filosofia, no Seminário da Diocese. Concluiu o curso no ano de 1936.
Ordenado em 8 de dezembro de 1940, em Teresina, pelas mãos do Exm° Sr. Bispo Dom Severino Vieira de Melo, 3° bispo da Diocese do Piauí. Celebrou sua primeira missa no Altar de Nossa Senhora do Carmo, em Oeiras. Nomeado imediatamente, vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Ó e Conceição, em Valença do Piauí, pelo mesmo bispo consagrante.

O Jovem Padre Mateus

Foi nomeado pároco de Campo Maior em 28 de novembro de 1941. Em 30 de novembro de 1941, o Pe. Mateus Cortez Rufino assumiu como vigário ecônomo da paróquia de Campo Maior, por ordem do Exmº. Sr. Bispo Dom Severino Vieira de Melo.

A chegada do Padre Mateus não foi das mais prazerosas, marcada por um infeliz incidente de afronta, típica do sertão coronelesco. Na praça Rui Barbosa, ao desembarcar, recebeu a primeira manifestação de insatisfação, em frente ao Bar Santo Antônio, nascido da iniciativa do capitão Ovídio Bona, mandando explodir diversos fogos de artifício, tipo assovios e palavras ofensivas, que não intimidaram o jovem padre.
 
 
Praça Rui Barbosa, com a Catedral de Santo Antônio ao fundo. Campo Maior, década de 60

Um dos maiores empreendimentos do recém chegado vigário, foi a construção da nova Igreja Matriz de Santo Antônio, Padroeiro de Campo Maior. Sob a liderança de Padre Mateus Cortez Rufino, com participação efetiva do povo, a construção teve início no dia 04 de agosto de 1.944, sobre as ruínas da velha igreja do século XVIII demolida; foi solenemente abençoada no dia 15 de agosto de 1.962, pelo Arcebispo do Piauí, Dom Avelar Brandão Vilela, no ano do bicentenário de Campo Maior. No dia 12 de junho de 1.976, foi elevada a categoria de Catedral, com a instalação da Diocese de Campo Maior e seu primeiro bispo Dom Abel Alonso Nuñez.
 
 
Catedral de Santo Antônio inaugurada em 1962

Professor e diretor do Ginásio Santo Antônio, fundado no dia 30 de maio de 1946, durante 17 anos, Padre Mateus dirigiu tão renomada instituição. Foi o Ginásio Santo Antônio que implantou o estudo de 2° grau, com a Escola Técnica de Contabilidade. Mateus, foi exemplo de administrador e educador. Por muito tempo, o Ginásio Santo Antônio foi comparado ao Liceu Piauiense, ao Colégio Cearense e até ao Colégio Pedro II, por sua metodologia de ensino.
 
 
Ginásio Santo Antônio



Outra obra primorosa de Padre Mateus, foi a criação do Patronato Nossa Senhora de Lourdes. Desde o seu início contou com o apoio de Aloísio José Portela e Otacílio Eulálio, na edificação do prédio da nova instituição. Inaugurado em 13 de março de 1958, foi por longos anos destaque da educação católica campo-maiorense; confiado à Congregação das filhas de Santa Teresa de Jesus, lideradas pela famosa Madre Juliana (Maria Nilza Leite).
 
 
Patronato Nossa Senhora de Lourdes

Firmava-se Padre Mateus em cada acontecimento que realizava. Além dos Vicentinos, contava com o apoio do Apostolado da Oração, sob a coordenação de Otacílio Eulálio. No ano de 1.949 fundou a Congregação Mariana. Padre Mateus contava também com o apoio da Confraria de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, por ele também fundada. Esses grupos religiosos foram e são, da maior importância para a vida da Igreja.
 
Padre Mateus Cortez Rufino que na década de 1960 foi promovido a Monsenhor, era um obstinado pelo trabalho. A sua permanência em Campo Maior durou três longas décadas de intensos serviços à Santa Igreja.
 
 
Padre Mateus com as zeladoras do Apostolado da Oração do Sagrado Coração de Jesus de Campo Maior, durante as comemorações de seu Cinquentenário, em 1950.

A sua fama de bom administrador espalhava-se por todo o Piauí, condição que lhe mereceu o convite por Dom Avelar Brandão Vilela, 2° Arcebispo de Teresina, para ser Reitor do Seminário Menor. A sua saída de Campo Maior deu- se aos poucos e carregada de simplicidade.

Em Teresina, foi Vigário Capitular da Arquidiocese (1971-1972) na transição dos bispados de Dom Avelar e de seu sucessor Dom José Freire Falcão, 3° Arcebispo de Teresina; foi ainda reitor do Seminário Menor (1971-1977), vigário geral da Arquidiocese (1972-1985) e Administrador Diocesano (1985-1988) durante o bispado de Dom Miguel Fenelon Câmara, 4° Arcebispo de Teresina.
 
 
Monsenhor Mateus celebrando a Santa Missa na Igreja de São Benedito, Teresina-PI

No dia 22 de outubro de 1990, faleceu em Teresina o saudoso Mons. Mateus, vigário da paróquia de Santo Antônio por 31 anos, de 1941 a 1972. Em outubro de 2005, foram translados os restos mortais de Mons. Mateus para a Catedral de Santo Antônio de Campo Maior.


Referências:

FILHO, João Alves. Mateus rumo ao Céu. - 1 ed. Teresina: Gráfica Mendes, 1994.

LIMA, Reginaldo Gonçalves de. Geração Campo Maior: anotações para uma enciclopédia. Gráfica e Editora Júnior LTDA, Teresina, 1995.

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