Nota biográfica: Dr. Augusto Ewerton e Silva (1862-1939)


Desembargador Augusto Ewerton e Silva (1862-1939). Defensor do primeiro bispo do Piauhy, Dom Joaquim Antônio de Almeida, no famigerado assédio judicial propagado pela sociedade maçônica Fraternidade Piracuruquense, na questão do patrimônio diocesano da Confraria de N. Sra. Carmo de Piracuruca (1909-1910) tentou em vão reverter a situação da alienação das "terras da Santa" doadas pelos sesmeiros irmãos Dantas Correia (1843); por fim, o bispo cedeu a pressão e vendeu o patrimônio, deixando cair nas mãos dos usurpadores. 

O caso do Patrimônio Diocesano de Piracuruca, processo judicial de foro eclesiástico e secular, cujos trâmites jurídicos foram levados a cabo, por um lado, a favor do bispo, por intermédio de seu advogado, Dr. Augusto Ewerton e  Silva (membro da União Popular); e, por lado contrário, membros do governo Antonino Freire (1910-1912), maçons anticlericais da loja Caridade II de Teresina.

Tal questão judicial só seria revertida vinte anos depois, sob intervenção do terceiro bispo do Piauí, Dom Severino Vieira de Melo (1924-1955), restituindo, por fim, as terras doadas junto a gleba foreira municipal da Diocese.

Dr. Augusto Ewerton, se destacou como um dos principais redatores do jornal O Apóstolo (1909-1912) ao lado de figuras como: farmacêutico Collect Antônio da Fonseca, Padre Alfredo Pegado, Cônego Fernando Lopes e Silva e o ilustre advogado Elias Martins; Ewerton foi um dos líderes leigos na fundação do partido católico "União Popular" que liderou a campanha civilista de Rui Barbosa (1910) a presidência da República, e a do Dr. Odylo Costa, e logo após, de Coriolano de Carvalho e Silva na disputa do governo do estado (1912).

Além de exímio jurista, foi jornalista e poeta. Fundou em Floriano a Escola de São Vicente de Paula. Professor de inglês em Teresina, ardoroso vicentino. Em Floriano construiu o Hospital São Vicente de Paula. Foi Presidente do Tribunal de Justiça. Jornalista eloquente e de largo conceito, tendo sido redator dos mais renomados jornais de sua época. Faleceu em Teresina, em 1939, aos 77 anos.

Por fim, temos na edição do Almanaque Piauhyense, dirigido por Antônio Lemos, em 1938, em homenagem ao ilustre bacharel e escritor, a seguinte elegia, publicada um ano antes de seu falecimento:

"Nasceu o Desembargador Augusto Ewerton e Silva na risonha cidade de Campo-Maior, a 28 de dezembro de 1862. Despendeu parte da sua mocidade na faina de empregado do comércio, voltando, mais tarde, as suas atenções, e seu esforço, para os livros, na ambição de um diploma. E venceu estoicamente.

Pobre, contando, apenas, com a sua dedicação ao estudo modesto auxílio de sua extremosa mãe viúva, e como que unicamente dispunha dos parcos vencimentos de professora pública, conseguiu chegar a meta dos seus desejos formando-se em Direito, na Faculdade do Recife, a 28 de outubro de 1891, e sendo, nesse mesmo ano, nomeado Promotor Público de Campo-Maior. Foi depois transferidopara esta capital e daqui para Amarante.

Feito o respectivo quadriênio, foi nomeado Juiz-de-Direito de S. Raymundo Nonato, cargo que, posteriormente, ocupou, a pedido, em União, Barras, Floriano e Amarante. Desta última comarca foi tirado em 1914, por ter sido nomeado Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado, funções que ocupou durante 17 anos, até a reforma judiciária efectuada pelo Interventor Landry Salles, em 1931, em vista da qual foi aposentado. Chegou, assim, o illustre Piauhyense a exercer a judicatura durante o longo período de perto de 40 annos, tendo sido 23 no interior do Estado.

Inteligente e operoso, Desembargador Augusto Ewerton sempre cultivou as bellas letras ao lado da faina jurídica. Assim é que a nossa imprensa tem estampado inúmeras produções e, certamente, continuará a estampar novas, pois, apesar da avançada idade que já tem, o velho jornalista está forte e continua a produzir. Amigo da instrução, o Desembargador Everton oferece o exemplo único pelo menos no Piauhy de ter diplomado como professoras normalistas todas suas oito filhas. De seus três filhos varões foram dois formados em direito.

O venerando patrício é tambem um escrupuloso no aplicar as regras da boa linguagem".


Referências: 

Secção Judiciária. O APÓSTOLO, ano III, nº 119, 19 de setembro de 1909, p. 5.

O caso do Piauhy: patrimônio restituído – o contrato assinado. O APÓSTOLO, ano IV, nº 163, Teresina, 31 de julho de 1910, p. 2-3.

ALMANACH PIAUHYENSE. Gráfica Excelsior Editora, Rua Barroso, 67, Teresina, Piauhy, 5° ano. 1938, p. 33 (Casa Anísio Brito). 

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