Nota Biográfica: Padre Joaquim Sampaio Castelo Branco (1860-1892)

    
Padre Joaquim Sampaio Castelo Branco. Nasceu na Vila do Livramento, José de Freitas – PI, em 1860 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1892. Sacerdote, professor e escritor. 

Grande orador sacro, ilustrou, pela sua cultura e cintilante inteligência, o clero brasileiro. Foi presbítero na Diocese do Maranhão. Professor catedrático de francês no “Liceu Maranhense”. 

Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Santo Apolinário, de Roma (Itália). Bacharelou-se em Teologia pela Universidade Católica de Paris (França). 

Foi confessor da princesa Isabel. Jornalista vibrante e vigoroso. Diretor/proprietário do jornal O Mensageiro de São Luís do Maranhão, destacando-se como apologista da Abolição da Escravatura. 

Padre Joaquim Sampaio esteve em destaque na famosa fotografia da Missa Campal do São Cristóvão, em 17 de maio de 1888, nas comemorações da assinatura da Lei Áurea (13 de maio).

Tão jovem e franzino, deram-lhe pouco crédito pela aparência, mas era de um brilhantismo e inteligência que o fizeram alçar voo aos altos postos da religião e da política de forma extraordinária.
 
Padre Joaquim Sampaio é o quinto sacerdote da esquerda para direita na primeira fila.

Elegeu-se deputado-geral pelo Piauí para o biênio 1889 – 1890, todavia, não tomou posse, em virtude da dissolução do Congresso Nacional (Decreto de 17-08-1889).

Entre outros trabalhos, publicou O Padre Deve Ser Casado? Sobre o Padre Joaquim, o crítico literário João Pinheiro destacou: "Estudou exaustivamente o padre e o casamento, quer sob o ponto de vista histórico, apologético e teológico, quer sob o político, filosófico e social".
É Patrono da cadeira número 3 da Academia Piauiense de Letras.

Segunda edição de sua principal obra, datada de 1884

Abaixo transcrevemos trecho da referida obra em defesa do Celibato Católico, datada em 1884, quando contava apenas com seus 24 anos: 

"Mas de onde vem? qual a causa dessa guerra tão viva contra uma instituição que por sua natureza, e atenta a missão da classe sacerdotal, não deveria merecer senão a simpatia e a aprovação geral? Nada mais simples.

Essa hostilidade é filha da política cega e opressiva que trabalha dia e noite por encadear, com algemas de amor terreno e de interesses materiais esses corações generosos, destinados a respirar do lado do céu e á pregar o desprendimento do mundo.

Essa guerra deriva do fundo de depravação do mundo que ama o prazer e não ama a cruz de Jesus Cristo, do mundo que aceita o pecado e repele a penitência: do mundo dissoluto, diante do qual o celibato religioso ergue-se como um espelho terrível que reflete seus vícios, como um obstáculo que choca todos os seus prazeres, como um censor austero que semeia a amargura no meio de sua volúpia. O celibato é para o mundo o que o remorso é para a consciência: o mundo não o quer, o odeia, o detesta, o repele, o hostiliza.

Essa guerra nasce ainda de uma inveja secreta que não pode suportar ao seu lado uma superioridade moral, e de ódio secreto contra a religião cuja influência diante dos povos se quereria diminuir, e se fosse possível paralisar, casando o padre e abaixando-o ao nível da vida comum; enfim, essa guerra provém de uma pusilanimidade de coração que para desculpar suas próprias faltas trata de impossibilidade, de quimera, e, se necessário for, de hipocrisia, uma perfeição e um sacrifício cujo desejo, cuja generosidade só as almas nobres podem sentir, mas cuja importância salta aos olhos de todos...

Soldado de Jesus Cristo e alistado em sua casta milícia, compenetrado da necessidade do celibato eclesiástico, como pode e deve ser todo católico e todo homem que compenetra-se da missão que é reservada ao padre católico, o meu coração doía-se ao ler nos jornais, encontrar nos livros, ou ouvir nas conversações as torpes calúnias, as mentiras e as anedotas ridículas adredes formuladas contra esta nobre instituição da Igreja de Jesus Cristo.

O meu ardor redobrou quando, há alguns meses apenas, eu lia nos jornais brasileiros os ataques que no parlamento nacional tinham sido feitos contra o celibato eclesiástico.

Dominado pelo zelo que se acende junto aos altares, fortificado por uma convicção enraizada no mais íntimo de minha alma, julguei oportuno escrever algumas linhas em favor de uma causa tão nobre quão combatida. Ela é causa da Igreja, ela é a causa do clero, ela é a minha causa".
 
 
Referências:

GONÇALVES, Wilson Carvalho. Grande dicionário histórico-biográfico piauiense (1549-1997). Teresina: 1997.

NOTÍCIAS ACADÊMICAS, Informativo da Academia Piauiense de Letras, ano III, n° 35, Novembro de 1988.

CASTELLO BRANCO, Joaquim Sampaio. O Padre deve ser casado? O Celibato Eclesiástico defendido. Maranhão: Typ. do Frias, 1884. 

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