Igreja Matriz e Catedral Nossa Senhora da Divina Graça de Parnaíba-PI (1770-1936)
Igreja Matriz, atual Catedral de Nossa Senhora da Divina Graça, logo a frente destacado o Monumento da Independência do Piauí (crédito de fotografia: Armani Celli). |
Segundo Pereira da Costa, “concluiu-se neste ano (1795) a obra de construção da igreja de Nossa Senhora da Graça da cidade de Parnaíba, sendo então trasladada a imagem da sua padroeira da Matriz de Piracuruca...”
Embora já representada na planta de 1809 com as suas duas torres sineiras, é possível que nessa época ainda não estivesse totalmente concluída, vista a lápide no frontispício, que dá o ano de 1770 como início das obras e o de 1936 como término, enquanto a paróquia sob a invocação de N. Sra. da Graça só seria criada em 1805. Será, assim, obra do final do reinado de D. José I e já com características neoclassicistas que marcaram o período de D. Maria I (1777-1816), em que se destaca a silharia de azulejos da Capela do Santíssimo.
A planta retangular segue a tradição ibérica popular da igreja basilical, capelas intercomunicantes no transepto, capela- mor profunda, coro e sacristia. Grandes arcos, à feição da reforma feita na Matriz de Oeiras, integram as galeras que ladeiam a nave. Obras recentes acrescentaram duas outras capelas, abrindo-se diretamente para a capela-mor, através de grandes arcos. A sacristia aos fundos, como hoje se apresenta, parece ter sofrido adaptação vistas às pequenas dimensões. O edifício incorporou complementos ornamentais de inspiração neoclassicista, destacando-se o arco da Capela do Santíssimo, enquadramentos e sobrevergas da fachada, em pedra de lioz, ao que tudo indica talhadas nas oficinas de Lisboa e trazidas como lastro de navios. Como na Matriz de Piracuruca, teve toda a nave revestida de escaiola, atualmente reduzida aos enquadramentos das arcadas.
Dentre os elementos de arte aplicada se destacam o retábulo do Altar-mor, com a belíssima imagem de N. Sra. do Leite: o retábulo, cancelões de ferro forjado, silharia de azulejos portugueses e lápides de lioz na Capela do Santíssimo. Pinturas no forro da capela-mor e no fundo do altar da capela do lado da Epístola denunciam a ornamentação de gosto popular. As portas almofadadas e de calha correspondem aos padrões adotados no século XVIII e XIX, inclusive as dobradiças e espelhos de fechadura em ferro forjado. Implantada em quadra residencial, é a principal referência da arquitetura religiosa de Parnaíba. Atualmente se encontra bastante descaracterizada por sucessivas reformas empreendidas a partir de 1936 (SILVA FILHO, 2007).
CATEDRAL DE N. SRA. DA DIVINA GRAÇA (Maria Elita Araújo)
Sempre que encontramos novo assunto a relatar, dando continuidade ao que pretendemos tentar escrever algo sobre Parnaíba, no que diz respeito às ocorrências: sua vida, sua história; o fazemos de forma elucidativa, com comentários variados, baseados, na maioria das vezes, em pesquisas, estudos e relatos de pessoas amigas.
Desta vez, justo se faz homenagear a histórica e monumental Catedral de N. Sra. da Graça Excelsa Mãe de Cristo. É um belo e secular abrigo ao povo de Deus. Nossa cidade encontra-se em marcha lenta de desenvolvimento, embora constante. Relativamente, a cultura avança aninhando-se àqueles que procuram cultivá-la.
Parnaíba abriga um dos monumentos que muito a enobrece: a bicentenária Catedral, localizada no centro da cidade, na Praça da Graça. No alto da fachada da referida igreja encontra-se a data 1770, o que significa ser esta a data de sua fundação e não data referente à sua conclusão.
A igreja já passou por modificações várias, que a deixa cada vez mais altaneira, pomposa, linda! Podemos considerá-la um marco histórico na vida de nossa gente. Sua fundação data de 1770, sendo efetuada realmente sua conclusão em 1795. Foram 25 anos decorridos no aperfeiçoamento estético de nossa Catedral. Mas, anteriormente em 1758, foi iniciada e concluída a construção de uma pequena hermida onde o povo pudesse em contrição fazer suas orações e abrigar-se do sol e chuva durante os atos religiosos. Isso na época das charqueadas de Domingos Dias da Silva, quando o comércio atingiu o ápice de seu desenvolvimento na então Vila.
Essa hermida ainda hoje existe, foi construída com o auxílio e boa vontade do bispo maranhense e está localizada perto do Porto das Barcas, num terreno aberto para estacionamento de veículos, na Rua Duque de Caxias, esquina com a Presidente Vargas. Continua sendo visitada. É pequena, quase um nicho. Primeiro lugar de orações da terra virgem, habitada por índios e coberta de mato!
Importante e necessário se faz, distinguir as datas: 1770 fundação da Igreja de N. Sra. da Graça, e, 1795 conclusão da mesma. Portanto, 25 anos de trabalho árduo e expectativa envolveram este espaço de tempo. Nessa época, nossa terra já era Vila de São João da Parnaíba, elevada, pelo Coronel da Cavalaria Portuguesa João Pereira Caldas, 1° Governador do Piauí.
Afirmam que Domingos Dias da Silva, pai de Simplício Dias da Silva, ambos são considerados, realmente, como benfeitores da referida igreja, desde origem até sua conclusão. Hoje, elevada à Catedral de N. Sra. da Graça, é considerada pelo povo parnaibano um marco histórico na vida da cidade.
A família Dias da Silva, nobre e faustosa, dava-se ao luxo de não sair do Casarão e percorrer a rua em direção a igreja, pois galerias construídas serviam de comunicação com a capela-Mor, de onde assistiam à celebração de missas e outras cerimônias religiosas.
A imagem de N. Sra. da Graça amantíssima Mãe de Jesus, encontra-se no Altar-Mor, centralizando a atenção de todos que a visitam, enviando preces a Deus em nome de Cristo por intermédio da Mãe da Divina Graça.
Belíssima imagem, de origem portuguesa, trazida para nós pelos Irmãos Dantas, em uma linda tarde ensolarada nos idos de 1795 do século XVIII.
Parnaíba rejubila-se por tê-la como Patrona, abençoando e graças derramando a seus filhos e visitantes que a cortejam em suas paredes e pisos estão incrustados mausoléus e campas mortuárias de vultos ilustres da então Vila de São João da Parnaíba.
Bendita sejas tu, Parnaíba, por tua gloriosa Senhora da Graça.
Referências:
ARAÚJO, Maria Elita Santos de. Parnaíba – O Espaço e o Tempo. Parnaíba-Piauí, 2002. p. 94-95.
SILVA FILHO, Olavo Pereira da. Carnaúba,
pedra e barro na Capitania de São José do Piauhy, Belo Horizonte, 2007. Vol. 2. p. 342-343.