O Pe. Tomé de Carvalho instala a Freguesia de Santo Antônio do Surubim (Carta de 1711)

 

 

O Licenciado Tomé de Carvalho e Silva, Vigário confirmado na Matriz de Nossa Senhora da Vitória do Piauí de Cima e em toda ela Vigário da Vara pelo Ilmo. Sr. Dom Manuel Alvares da Costa, Bispo de Pernambuco e do Conselho de Sua Majestade, que Deus guarde.
Certifico que sendo esta minha Freguesia muito dilatada pelas grandes distâncias, principalmente a Ribeira dos Longazes, aonde não podia desobrigar a tempo, e acudir com os Sacramentos nas necessidades aos meus fregueses, residentes nela pelos muitos rios que tem em meio para esta minha Igreja, requeri ao Senhor Bispo de Pernambuco mandasse fazer Igreja Curada na dita Ribeira dos Longazes, por assim convir ao serviço de Deus, Nosso Senhor, ao que deu logo cumprimento o dito Senhor Bispo, mandando-me ordem para a poder fazer, e indo a esta parte convoquei os principais moradores, e tomando lhes os seus votos na parte em que se havia de erigir a nova Capela que por invocação tem o glorioso Santo Antônio, lhe não achei possibilidades para fazerem dando-me várias desculpas pelos poucos escravos que tinham e estavam ocupados em fazendas que tinham os donos na Bahia e que as não podiam desamparar, nestes termos me vali do Coronel Bernardo de Carvalho que, com pronta vontade, buscou uma carapina a quem pagou e foi pessoalmente com os seus escravos ajuntar as madeiras e os mais materiais, trabalhando o dito com grande zelo, e com efeito fez a Capela a sua custa, tanto de escravos como gados, farinhas e dinheiro, e o acho com animo de gastar nela cabedal. Outrossim, se me ofereceu com o gado que necessitasse para a nova ereção desta Matriz de Nossa Senhora da Vitória e me prometeu duzentos mil reis para uma Custódia para a dita Matriz, e que se custasse mais, o daria. E em tudo o acho com muito zelo e fervor no serviço de Deus Nosso Senhor, pelo o que o julgo capaz de toda a honra e mercê que Sua Majestade, que Deus guarde, for servida fazer-lhe. Por certeza do que mandei fazer a presente, que me foi pedida, sendo necessário jura-lo o faço “In verbo sacerdotis”. Aos vinte dias do mês de abril de mil setecentos e onze anos, na Ribeira dos Longazes. E eu Antônio Gonçalves Neiva, escrivão da Vara Eclesiástica nesta Freguesia atrás declarada que escrevi.

 

O Pe. Tomé de Carvalho e Silva
20 de abril de 1711

 
Referência: MELO, Padre Cláudio. Os Construtores de Nossa História. In. OBRA REUNIDA. Halley S.A Gráfica e Editora: Teresina-PI, 2018.












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