Colégio Diocesano São Francisco de Sales (1907-1918)
Colégio Diocesano (Arquivo Particular Paulo de Tarso Batista Libório). |
COLLEGIO DIOCESANO
Situado à Praça do Saraiva, em prédio confortável e das melhores condições higiênicas, funciona, com regular concorrência, o Colégio Diocesano, ultimamente separado do Seminário Episcopal.
A matricula atual dos alunos que cursam o primeiro, segundo e terceiro ano de madureza, matérias avulsas e primeiras letras, é a seguinte:
44 Alunos internos.
9 Alunos semi-internos.
39 Alunos externos.
Total: — 92 alunos.
O corpo diretivo compõe-se
do seguinte pessoal:
Diretor o Ecônomo — Padre Felipe de Oliveira Lopes.
Vice-diretor — Menorista Antônio Bezerra de Menezes.
Prefeito — Clérigo Aarão de Andrade.
Todas as cadeiras acham-se ocupadas por professores habilitados de nossa capital.
(O APÓSTOLO, 1907).
O historiador Antônio Fonseca dos Santos Neto disserta quanto a origem do Colégio Diocesano de Teresina ligada a reforma educacional e estrutural da Diocese na administração do primeiro Bispo do Piauhy:
No dia 25 de março de 1906, ancorando-se no exemplo da Paraíba, Dom Joaquim promoveu a criação de um Seminário diocesano e, em anexo, um "colégio diocesano".
(...)
O Colégio e o Seminário Diocesano têm seus atos inaugurais no referido dia 25 de março:
"Dom Joaquim organizou o Seminário ainda não adaptado, e, mesmo assim, abriu lá o Colégio Diocesano, que aí passou o ano de 1906; construiu, avalizado por Mons. Gil, um prédio na Avenida Frei Serafim para um colégio de meninas e fez aquisição de outro na Parnaíba para o mesmo fim, sendo ambos confiados às Irmãs dos Pobres de Santa Catarina, comprou outro prédio para a tipografia do Bispado..." (AALT, fls. 14v.) (SANTOS NETO, 2016, p. 120).
Custosas foram as medidas para ambientar o Seminário com todos os apetrechos que necessita um internato de modo a acomodar, com decência, tanta gente, tudo implicando dispêndios extraordinários. Aliás, tudo ocorria ao mesmo tempo em que, do outro lado da praça, na chácara "Soledade", residência episcopal, adaptavam-se as instalações da quinta, transformando-a para acomodar o Colégio Diocesano no mesmo lugar em que se acha até hoje. Essa quinta (um quarteirão inteiro) fora um "presente do cônego Gil à Diocese nascente". Dom Joaquim mobilizou meios para ampliar-lhe a capela, com duplo acesso, para a praça Saraiva e para a rua Santo Antônio, hoje Olavo Bilac. Era a Capela Episcopal, além da função, que mantém até o presente, de capela-escola (SANTOS NETO, 2016, p. 122).
No episcopado de Dom Octaviano Pereira de Albuquerque, 2° Bispo do Piauhy, o Colégio Diocesano ganhou seu prédio definitivo que até os dias de hoje permanece com sua arquitetura imponente em meio a paisagem citadina no coração da capital Piauiense:
Seminário e Colégio Diocesano São Francisco de Sales - a maior e mais importante obra arquitetônica e educacional de Dom Octaviano Pereira de Albuquerque em nosso Estado.
Construído na Chácara Soledade, doada pelo Monsenhor Gil à Diocese na qual residia em modesta residência, nosso 1º Bispo, Dom Joaquim Antônio de Almeida, ao ceder o antigo Solar do Barão de Gurguéia, seu Palácio, para ser instalado o Seminário Episcopal Sagrado Coração de Jesus. Jamais uma Diocese pobre e endividada como a nossa, teria condição de edificar monumento tão magnifico.
Graças às moedas do nosso povo e "aos dinheiros de fora", coletas generosas, recolhidas por Dom Octaviano no meio de ricos e opulentos amigos pelo Brasil a fora, dentre os quais sabia transitar, equilibradamente, em postura pastoral de Bispo Católico de uma Diocese tão carente.
Acusado, apressadamente, de ter fechado o Seminário de Dom Joaquim, para melhor adaptá-lo ao seu digno palácio, não cessaram as criticas ao vê-lo residindo neste novo palácio, em cuja fachada: seu nome em latim, brasão de suas armas e o patrono São Francisco de Sales, guarnecido em nicho aberto de uma concha estilizada, herança decorativa do Rococó Palaciano. Foi este homem de personalidade forte e visão magnânima, que lá dos pampas gaúchos, a Santa Sé nos enviou. Nele existia, mas poucos viam um generoso coração sacerdotal, preciosidade do seu ser, no seu principesco jeito de ser (SANTOS NETO, 2018, p.240).
Referências:
O APÓSTOLO - Orgam official da Diocese. Ano I, n° 1. Teresina, 19 de maio de 1907.
SANTOS NETO, Antônio Fonseca dos; LIBÓRIO, Paulo de Tarso Batista. JOAQUIM. Teresina: Editora Nova Aliança, 2016. (Sucessores dos Apóstolos em Teresina, Vol. 1).
SANTOS NETO, Antônio Fonseca; LIBÓRIO, Paulo de Tarso Batista. OCTAVIANO. Teresina: Editora Nova Aliança. 2018. (Sucessores dos Apóstolos em Teresina. Vol. 2).