A Capela de Nossa Senhora do Rosário de Frecheiras da Lama, Cocal-PI (1781-1916)



Considerada uma das mais antigas igrejas/capelas do Piauí colonial, é patrimônio arquitetônico do período colonial, construída no ano de 1781 pelo mestre de campo da capitania do Piauhy, o português Diogo Alves Ferreira e sua esposa, a cearense (da Granja) Francisca Tomazia Ferreira de Veras. Entre os anos de 1839 e 1841, tornou-se o reduto mais importante da Balaiada (Revolta popular ocorrida nas províncias do Maranhão, Piauí e Ceará) no norte do Piauí, sob a liderança de Domingos Ferreira de Veras, neto de Diogo Alves Ferreira e Francisca Tomazia Ferreira de Veras. Um bisneto de Diogo e Tomazia, o coronel Ignácio Luiz de Almeida, tornou-se um dos maiores fabriqueiros da Igreja de N. Sra. do Rosário, e num processo de adição, comum naquele período, edificou a sacristia e outros cômodos do templo, além de concluir o reboco em cal e barro, por volta do ano de 1916 - registrado na parede. Nos períodos colonial e imperial fazia parte do termo da vila da Parnaíba, hoje é parte integrante do município de Cocal, Piauí (Texto-fonte por JOÃO BOSCO GASPAR, Historiador de Tianguá-CE, autor da obra Análise Histórica das Divisas Cearenses: caso do litígio de terras entre o Ceará e o Piauí, lançado em 2023).



AUTO DO PEDIDO PARA CONSTRUÇÃO DA IGREJA DAS FRECHEIRAS DA LAMA. ANΟ DE 1781 - EXTRAÍDO DOS ORIGINAIS DO BISPADO DO MARANHÃO:

AUTUAÇÃO NA CÂMARA ECLESIÁSTICA: "Ano de 1781 Autos de Criação da Capela de Nossa Senhora do Rosário - Diogo Alves Ferreira. Câmara Eclesiástica - Autuamento. Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil setecentos e oitenta e um [1781], ao primeiro dia do mês de maio, nesta cidade de São Luís do Maranhão, em escritório de mim escrivão adiante nomeado, autuei aqui bom e fielmente na forma de estilo, uma petição do mestre de campo Diogo Alves Ferreira, morador na Parnahyba, com despacho do Reverendíssimo Senhor Doutor Vigário Geral e Governador do Bispado, João Duarte da Costa, o qual é o que se segue adiante e se vê, para efeito de ERIGIR o dito mestre de campo uma capela a Nossa Senhora do Rosário na sua fazenda (...). Do que para constar fiz este autuamento, eu o cônego José Bernardes de França, o escrivão da Câmara Eclesiástica que assino" (GASPAR, Idem). 


No Piauí, um dilema de datação se perdurou por um tempo quanto a fundação original da Capela de Frecheiras da Lama, devido a inscrição no canto superior da igreja, com os algarismos 1. 6. 1. 6, em sentido horário a leitura acusava ser 1616 ou 1619; no entanto, segundo as pesquisas e constatações plausíveis do historiador cearense João Bosco Gaspar, a data junto ao frontispício da igreja é na verdade a reforma efetuada no ano de 1916, como já aferimos acima. o historiador piauiense Reginaldo Miranda, constata tal dilema que não se manteve de pé após a divulgação dos “autos do traslado da escritura do patrimônio, que fizeram o Mestre de Campo Diogo Álvares Ferreira e sua mulher Francisca Thomasia de Veras à capela, que o dito pretende erigir”, por meio do historiador cearense supracitado. Leiamos a constatação de Miranda:

Portanto, foi o casal mestre-de-campo Diogo Álvares Ferreira e Francisca Thomasia Ferreira de Veras, quem construiu a capela sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário, na fazenda de mesmo nome, também conhecida por Frecheiras da Lama. Essa construção teve seu início e, provavelmente, conclusão no verão de 1782, vez que a licença somente saiu no inverno de 1781. Esse é um fato, cujos documentos ora revelados dirimem dúvidas e refutam contestações. No entanto, porque esses documentos somente foram revelados recentemente, tem causado certa celeuma a data de construção daquele tempo religioso. Essa confusão aumentou porque existem quatro algarismos em seu frontispício, que devem significar alguma coisa, menos a data de construção do tempo. Para alguns historiadores e curiosos o templo datava dos anos de 1616 ou 1619, conforme faziam a leitura dos algarismos. Porém, essa tese nunca se sustentou à luz da documentação existente e dos fatos históricos. Era preciso ali ser prolongamento das aldeias de Ibiapaba, o que não se verifica, por inexistir registro na crônica dos jesuítas (MIRANDA, 2022).


Referências:


MIRANDA, Reginaldo. Mestre-de-Campo Diogo Álvares Ferreira e a capela de Frecheiras da Lama (2022). Disponível em: https://www.portalentretextos.com.br/post/mestre-de-campo-diogo-alvares-ferreira-e-a-capela-de-frecheiras-da-lama

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